Provérbios: descubra sua origem e maneira de usá-los
Você já se perguntou de onde vem os provérbios e por que eles são tão populares e rotineiros até hoje?
O uso de provérbios para expressarmos um conselho a alguém em uma situação de necessidade é muito comum. Também os ouvimos serem ditos e repetidos por nossos pais, avós, tios e por aí vai. Mas você já se perguntou de onde vem o uso dos provérbios e por que eles são tão populares e rotineiros até hoje?
Provérbios existem há mais de três milênios antes de Cristo (a.C) – foram repassados entre os hebreus, gregos, aramaicos, chineses, indianos e outros povos até os dias de hoje. Segundo Xatara e Succi (2009), provavelmente sua origem é religiosa, pois na decomposição do termo temos pro (em vez de, no lugar de) + verbo (palavra de Deus), ou seja, no lugar da palavra de Deus.
Provérbios não se criam do nada, mas sim através das experiências humanas compartilhadas, ou seja, coletivas, que são tomadas como verdade universal devido a repetição de tais situações e as reflexões geradas. Têm caráter moralista e poético, de passar um ensinamento de senso coletivo ao ouvinte, que precisa de um conselho, através de uma alusão ou alegoria. Por terem a característica de moral coletiva, é muito comum que provérbios sejam traduzidos para outros idiomas, ou até mesmo vermos a comparação entre dois provérbios em línguas diferentes onde a tradução (literal) não é a mesma, mas a ideia por trás daquela fraseologia é.
Outra característica comum (mas não obrigatória) dos provérbios é o seu tamanho e sonoridade. Para facilitar a memorização e reprodução, tendem a ser sintéticos e rimados.
Confira abaixo alguns dos provérbios que mais utilizamos no dia a dia e suas origens:
Antes tarde do que nunca
Versão em inglês: better late than never
Aparece pela primeira vez em 27 a.C no documento História de Roma, de Titus Livius, em latim, sendo a frase original “potiusque sero quam numquam“.
Depois aparece na literatura, no livro The Canterbury Tales, sob o conto The Canon’s Yeoman’s Tale, de Geoffrey Chaucer, escrito entre 1386 e 1400: “For better than never is late; never to succeed would be too long a period.”
Exemplos:
- Maria entrou só agora na faculdade, mas antes tarde do que nunca.
- The dress arrived after the dance but better late than never—I’ll wear it to the next event. (Source: oysterenglish.com)
Melhor prevenir do que remediar
Versão em inglês: better safe than sorry
O uso mais antigo desse provérbio é no romance Rory O’More, do novelista irlandês Samuel Lover, em 1837. “Better safe than sorry. It makes sense (and is certainly safer) to take precautionary measures before anything bad happens.”
Exemplos:
- Lembre-se de trancar as portas de casa antes de se deitar – melhor prevenir do que remediar.
- I always drive with my seat belt on not just because it is the law but also because it is better to be safe than sorry. (Source: theidioms.com)
Não julgue um livro pela capa
Versão em inglês: don’t judge a book by its cover
O provérbio aparece pela primeira vez no livro The Mill on the Floss (1860), de George Eliot, em uma discussão sobre um livro que foi elegantemente encadernado.
Em 1944, o jornal africano American Speech usa uma variação do provérbio: “You can’t judge a book by its binding”.
Mais tarde, em 1946, Lester Fuller e Edwin Rolfe também usaram uma variação da expressão em seu romance Murder in the Glass Room: “You can never tell a book by its cover“.
Exemplos:
- Ela não queria fazer amizades na escola pois achava os colegas estranhos, mas lembrei a ela que não se deve julgar um livro pela capa.
- That man may look very small and insignificant, but don’t judge a book by its cover – he’s a very powerful man in his circle. (Source: englishstudyonline.org)
Quem quer arruma um jeito
Versão em inglês: where there’s a will there’s a way
Aparece pela primeira vez em 1640, no livro compilatório de provérbios Jacula Prudentum, de George Herbert. Nele, a expressão aparece como “To him that will, ways are not wanting“, até que em 1822 a frase aparece modernizada na New Monthly Magazine, como “Where there’s a will, there’s a way“.
Exemplos:
- Não importa o quão difícil seja, quem quer arruma um jeito.
- Overcoming this economic recession won’t be easy, but where there’s a will, there’s a way, and we’ve never backed down from a challenge before. (Source: thefreedictionary.com)
Em time que está ganhando não se mexe
Versão em inglês: if it ain’t broke, don’t fix it
Este provérbio se popularizou depois que Bert Lance, diretor do Escritório de Administração e Orçamento em 1977 nos EUA, o citou para a revista Nation’s Business, onde ele falava que os EUA economizariam bilhões de dólares se direcionassem o dinheiro para o que realmente era essencial e não gastassem com o que não precisavam.
Porém, o provérbio foi citado um ano antes em um jornal do Texas chamado The Big Spring Herald: “We would agree with the old Georgia farmer who said his basic principle was ‘If it ain’t broke, don’t mfix it.”
Exemplos:
- Os métodos para aumentar os rendimentos da empresa funcionaram bem no ano passado, então para esse ano os manteremos, pois em time que está ganhando não se mexe.
- You are trying too hard to get them to settle in their lives. I would only like to say, if it ain’t broke, don’t fix it. (Source: theidioms.com)
A corda arrebenta no lado mais fraco
Versão em inglês: a chain is only as strong as its weakest link
A origem provavelmente vem dos Bascos (grupo étnico que habita o País Basco, que consiste de quatro províncias espanholas e três francesas), que possuem um provérbio antigo que diz “a thread usually breaks from where it is thinnest“.
Também aparece nos Ensaios sobre os Poderes Intelectuais do Homem (1786), de Thomas Reid, na seguinte variação: “In every chain of reasoning, the evidence of the last conclusion can be no greater than that of the weakest link of the chain, whatever may be the strength of the rest.”
Depois, aparece, com sua forma mais aproximada da atual, em 1868, na Cornhill Magazine “A chain is no stronger than its weakest link“.
Exemplos:
- Não adianta melhorarmos a aparência do lugar se não arrumarmos antes a sua estrutura. A corda sempre arrebenta no lado mais fraco.
- No matter how confident the cheer-leading group is in carrying out the human pyramid gig, the team is only as strong as its weakest link. (Source: theidioms.com)
Texto: Natasha Borges Edição: Caroline Randmer Foto de Blaz Photo na Unsplash