Dubladores se revoltam com o uso de vozes geradas por IA

Profissionais da indústria de games estão sendo pressionados a permitir que suas vozes sejam recriadas por inteligência artificial

Com a crescente facilidade de sintetizar vozes por meio de inteligência artificial, dubladores de videogames vêm enfrentado um novo tipo de problema. Segundo relatos de alguns profissionais, ao assinarem contratos para novos projetos, é cada vez mais comum que as empresas insiram cláusulas que permitam que versões sintéticas sejam geradas a partir de suas vozes.

A descoberta foi feita pelo Motherboard, que conversou com alguns profissionais para entender o que estava acontecendo.

Segundo declarações, muitos deles foram obrigados a assinar contratos que possuíam essas cláusulas, enquanto outros assinaram acordos sem nem ao menos saber que isso também estava incluso nos papéis em questão.

Para esses profissionais, a grande preocupação é que essas vozes acabem sendo usadas no lugar dos próprios dubladores, ameaçando as oportunidades profissionais de um segmento que já enfrenta muitos problemas trabalhistas.

Além disso, outro ponto levantado pelo uso de vozes sintéticas em obras audiovisuais, diz respeito a falta de originalidade e excelência que esse tipo de recurso tem sobre uma voz humana. E, claro, sobre o quanto isso demonstra desvalorização do trabalho artístico em questão.

“É desrespeitoso com a arte sugerir que gerar uma performance é equivalente à performance de um ser humano real. […] Claro, você pode fazê-lo soar como uma voz, e talvez até mesmo fazer soar como se estivesse capturando uma emoção, mas no final do dia, ainda vai soar oco e falso”, desabafou o dublador de jogos e animações SungWon Cho ao Motherboard.

Para além dos problemas enfrentados diretamente com os estúdios, os dubladores da indústria de games também precisam lidar com os serviços para gerar vozes sintéticas que vêm se tornando cada vez mais acessíveis.

Muitos desses sistemas permitem que se crie uma réplica de uma voz utilizando gravações pré-existentes, o que abre margem para que vozes de pessoas públicas sejam clonadas mesmo sem seu consentimento.

No caso de dubladores, isso tem se tornado bastante comum, o que levou muitos deles a pedirem ajuda aos fãs no Twitter para localizar essas gravações.

“Eu sei que a tecnologia de IA é empolgante, mas se você vir minha voz ou qualquer um dos personagens que eu dublar oferecidos em qualquer um desses sites, saiba que não dei minha permissão e nunca darei. Isso é altamente antiético”, escreveu Steve Blum na plataforma.

Atualmente, sindicatos vêm ajudando dubladores para que esse tipo de permissão seja um item obrigatório de negociação na hora de se fechar um contrato. Afinal, mesmo que as vozes sintéticas sejam uma tecnologia que veio para ficar, que ao menos ela seja utilizada de forma legal e com o consentimento de todas as partes envolvidas.

Esta reportagem foi publicada originalmente no site Tecnoblog, em 15 de fevereiro de 2023

Créditos da imagem: Unsplash.

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