Os diferentes calendários e a comemoração do Ano Novo ao redor do globo

Você sabia que a contagem dos anos já foi bem diferente da que estamos habituados? E que nem todo Ano Novo é comemorado no dia 1º de janeiro?


Há milhares de anos o homem percebeu a importância de ter um sistema de métrica para a passagem do tempo. As civilizações remotas dependiam muito da agricultura para poderem prosperar e, para isso, era necessário que houvesse cautela na observação dos ciclos, a exemplo das estações. Os sumérios, há mais de 6 mil anos, foram possivelmente os primeiros a criarem um calendário. Baseado nas fases lunares, ele contava com um ciclo de 360 dias divididos em 12 meses. Após um tempo, passaram a notar que esse sistema de medida estava um tanto defasado comparado ao ciclo solar e às estações, portanto, para corrigir o problema, fizeram a adição de um 13º mês de 33 dias a cada 3 anos – tática um tanto similar ao nosso atual ano bissexto.

Os egípcios também adotaram seu próprio calendário, baseado nas cheias do rio Nilo. Assim, passavam por três estações anuais: o período de inundação, o período de semeadura e o período de colheita. O calendário dos egípcios possuía 365 dias, sendo 12 meses com 30 dias que resultavam em 360 dias, e um acréscimo de 5 dias no final do calendário que não pertencia a mês algum.

Muitos outros calendários de diferentes civilizações foram inventados, uns mais assertivos que outros, mas ainda não muito precisos. Exemplo disso é o calendário juliano, criado sob Júlio César, no século V a.C. Com a finalidade de corrigir a grande defasagem que existia no então atual calendário romano, onde as festividades de primavera já estavam sendo comemoradas no início do inverno, Júlio César chamou um astrônomo de Alexandria para que ele observasse a situação do atual calendário e fizesse as correções necessárias. Para tal, foi necessário acrescentar 80 dias ao ano de 46 a.C., que ficou conhecido como o Ano da Confusão, por conta da sua duração de 445 dias. Nesse calendário os meses sete e oito eram chamados de Quintilis e Sextilis, respectivamente, mas após a morte de Júlio César, para prestar homenagem, alterou-se o nome do sétimo mês para Julius, e para homenagear César Augusto, o primeiro imperador romano, alterou-se o nome do oitavo mês para Augustus.

Para chegarmos ao nosso calendário atual foi necessária a intervenção do papa Gregório XIII, em 1582. Acontece que o calendário juliano incluía o ano bissexto, que ocorria fielmente a cada quatro anos, com a adição de um dia no mês de fevereiro. Porém, esse sistema ainda gerava discrepâncias quanto à translação terrena (volta da Terra em torno do Sol), fazendo com que o calendário permanecesse desajustado. Por isso, o papa Gregório XIII realizou, em conjunto com astrônomos e matemáticos, a seguinte alteração: o ano bissexto continuaria ocorrendo a cada quatro anos, mas apenas se os anos em questão fossem divisíveis por 4 e, no caso dos anos que terminassem em 00, deveriam ser divisíveis por 400. Por conta dessa alteração, o calendário juliano se encontrava atrasado em 11 dias, então o papa decidiu “desaparecer” com 11 dias do calendário atual, fazendo com que o próximo dia após 4 de outubro de 1582 fosse o dia 15 de outubro. Essas mudanças todas resultaram no calendário gregoriano que, até hoje, é o calendário que nós, no Brasil, utilizamos em conjunto com a maior parte do mundo.

Assim como os calendários primitivos já contaram as datas de uma maneira bem diferente da que estamos acostumados hoje, há culturas inteiras que ainda utilizam seus próprios calendários, principalmente em suas festividades.

Ano Novo

O Ano Novo é comemorado na virada do dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro pela maioria de nós, mas há lugares em que essa comemoração ocorre em datas bem diferentes.

Na China, a passagem do ano ainda é contada pelo calendário lunissolar e é baseada no seu próprio zodíaco, portanto, a comemoração do Ano Novo Lunar ou Festival da Primavera (como é conhecido o Ano Novo por lá) se inicia no dia 12 de fevereiro e se estende por cerca de 10 dias. Nas festas é feita uma troca de presentes, como envelopes contendo dinheiro, e são consumidos pratos típicos e populares dessa data. Seu calendário é baseado em ciclos de 12 anos, cada ano atribuído a um animal do zodíaco chinês.

No calendário islâmico, a data do Ano Novo varia. O início do seu calendário se dá com a saída do profeta Maomé de Mecca para Medina, no século VII d.C., e, por ser baseado nas fases da Lua, o início de cada mês ocorre no primeiro dia de cada Lua Nova. Por conta disso, a data da Hégira (como chamam seu Ano Novo) é imprecisa. Diferentemente de diversas comemorações sobre a passagem do ano, na Hégira não há festividade, sendo um período de compaixão e introspecção.

Já no judaísmo, que também utiliza o calendário lunar, a passagem do ano é comemorada no primeiro dia de Tishrei, por volta do mês de setembro. Seu Ano Novo chama-se Rosh Hashaná e nele se consome muitos pratos típicos e mel, pois simboliza o desejo de um novo ano mais doce.

Na Índia, a comemoração é ainda mais interessante. Por se basearem na posição dos astros para comemorarem a passagem, a data varia entre regiões. Ao sul, a Festa das Luzes (nome do Ano Novo hindu) ocorre no primeiro dia de março. Já nas regiões leste e central, ocorre no primeiro dia de outubro e, na comunidade tâmil, ocorre no dia 14 de abril.

Independentemente da região e da data, é notável que a passagem do ano é sentida e comemorada com grande respeito, pois com ela se inicia um novo ciclo repleto de novas oportunidades, perspectivas e sonhos.

Texto: Natasha Borges
Edição: Caroline Randmer
FONTES:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/que-povos-comemoram-o-ano-novo-em-outra-data/
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/ano-bissexto.htm
https://www.calendarr.com/brasil/tipos-de-calendarios/

Foto de Marc Schulte na Unsplash

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