A maior festa do país, além de proporcionar diversão de sobra, ainda é responsável por viabilizar encontros inusitados entre culturas diferentes e deixar aquele quê de romance no ar.
O carnaval do Brasil é conhecido como uma das maiores festas do mundo. De norte a sul, brasileiros e estrangeiros aproveitam os quatro dias de comemoração para dançar, divertir-se e conhecer novas pessoas. E muitos são os casais que se conhecem nesse clima de descontração e alegria que toma conta do país.
Foi exatamente o que aconteceu com a farmacêutica dinamarquesa Anja Bryde Toudahl e o brasileiro João de Abreu. “Apaixonei-me pelo Brasil depois de uma rápida visita que fiz ao país em janeiro 2009 e senti como se estivesse voltando para casa ao deixar a Dinamarca para passar o Carnaval em Minas Gerais em 2012”, conta Anja. Nesse mesmo ano, João, estudante da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, decidiu visitar Ouro Preto pela primeira vez – ele e mais alguns amigos queriam conhecer o famoso Carnaval da cidade histórica. E, em um desses momentos únicos em que caminhos tão distintos se cruzam, o encontro entre os dois aconteceu.
O casal passou a conversar e se conhecer melhor. Sentiam uma ligação muito forte, apesar do pouco tempo em que estavam juntos. Pensavam no futuro e queriam levar o relacionamento adiante, mas a separação parecia inevitável. Os compromissos em países diferentes não podiam ser deixados de lado, mas terminar o namoro era uma solução que nenhum dos dois cogitava.
Então, quando chegou a hora de Anja voltar para casa, tomaram a decisão de dar o próximo passo. Oficializaram o noivado e decidiram que o casamento aconteceria o quanto antes. João resolveu, por fim, abandonar a carreira militar. “Já que ele queria viver uma vida civil e ficar comigo, a melhor opção era irmos para a Dinamarca”, diz Anja.
O tempo para regularizar a situação era muito curto e, além da certidão de nascimento, era necessário apresentar a declaração consular de estado civil e o certificado de nome do noivo, documentos que precisavam ser tirados no Brasil e, posteriormente, legalizados na Dinamarca. Além disso, para que tudo tivesse validade no país onde seria celebrado o casamento, a documentação ainda deveria ser traduzida para o dinamarquês e registrada no consulado.
Quando finalmente os documentos chegaram, restavam apenas poucas semanas para fazer a tradução das certidões e o registro no consulado. Para que fossem aceitos, os papéis de João deveriam passar por uma tradução juramentada, ou seja, feita por um tradutor que tem autorização para emitir traduções válidas legalmente. Esse foi mais um desafio que precisaram vencer. Era necessário que encontrassem um profissional de confiança que pudesse realizar esse trabalho, pois qualquer erro ou atraso poderia adiar por meses a união do casal. “Nós ainda precisávamos dar entrada do pedido de casamento no governo dinamarquês e apresentar todos os certificados do João para que pudesse ser registrado no sistema do país”.
E assim aconteceu. Felizmente, e apesar de toda burocracia, os documentos ficaram prontos dentro do prazo esperado e eles, então, realizaram os preparativos para a celebração, como mostra a foto acima.
A história dos dois é mais uma dentre as de tantos outros casais unidos pela alegria do carnaval. Algumas duradouras e felizes, outras apenas uma memória esquecida depois de vários fevereiros. Hoje, a maior festa do país bate novamente à porta para nos lembrar que o amor é possível e vale a pena ser vivido, ainda que dure apenas até a quarta-feira de cinzas.
Texto: Luiza Mascari
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